domingo, 6 de setembro de 2009

ASSOCIADOS PARA MANTER O VENDAVAL

O SAVEIRO DE VELA DE IÇAR foi importante meio de transporte dentro da Baía de Todos os Santos, ligava os principais entrepostos de mercadorias como Cachoeira e São Félix, Maragojipe, São Roque, Jaguaripe, Nazaré das Farinhas e Salvador. Na década de 60 existiam aproximadamente 200 Saveiros engajados no transporte de gêneros alimentícios, materiais de construção, minério, pessoas, mudanças e etc.


Saveiro transportando areia

Quando cheguei na Bahia em 2001, existiam 25 saveiros ativos, hoje são 19 e alguns em muito mau estado de conservação. Aos Saveiros não foram incorporadas novas tecnologias construtivas desde o século 19, a única alteração são os cabos que eram de sisal e hoje são de nylon ou polipropileno. Comprovando a eficiência da concepção.
Saveiro Flor de São Francisco

Segundo Relatos dos Mestres mais velhos os desafios entre os donos de Saveiros engordavam o caixa. Muitas vezes as apostas valiam mais do que a carga a ser entregue no mercado em Salvador.Acredito que a prática das apostas tenha contribuído para que o Saveiro se desenvolvesse, tornando-se uma embarcação ágil.

Saveiro Ideal tipo Rabo de Peixe

São escassos os registros sobre a origem dos Saveiros, acreditam os historiadores que o Graminho * veio da Índia com os navegantes Portugueses.
* Ábaco com os parâmetros das dimensões e formato. Como uma receita para um bolo.

Em 2001 conheci o David Hermida e juntos sonhamos em ajudar de alguma forma a manter os Saveiros em atividade. Passaram-se 5 anos até que apareceu a oportunidade.


Saveiro Vendaval II na Rampa do Mercado Modelo

O David que é ex saveirista tinha o Saveiro de nome Não Digo e conhece os mais importantes Mestres e alguns donos de Saveiro além disto ele conhece a manutenção e operação do Saveiro.

David o mentor dos Associados

O Vendaval II trabalhava há mais de 50 anos transportando gêneros alimentícios entre Maragojipe e a Rampa do Mercado Modelo, aposentado há dois anos o casco estava precisando reparos urgentes.


Reunimos 10 pessoas dispostas a pagar 50 reais por mês para arcar com alguns reparos emergenciais, após um ano de trabalho decidiu-se que o Vendaval necessitava de ser docado e substituir partes importantes de seu casco. O nosso clube evoluiu para 30 associados, muitos dos associados tiveram de pagar até 6 meses mensalidades adiantadas para fazermos frente às despesas.

Estopa de Biriba para calafetar o Vendaval II


Os Associados poderão navegar uma vez por mês e em todas as competições entre Saveiros, além disto aprender as técnicas de operação e navegação do Saveiro.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

CANOA DA BAHIA


CANOA DA BAHIA esculpida de um tronco de jaqueira, piqui ou vinhático são as mais comuns. Medem geralmente de 4 a 10 metros de comprimento.
São muito parecidas entre si variando o comprimento e a largura conforme a arvore abatida. A vela pode ser de Espicha ou Latina ou vela de pena, no linguajar popular. Podendo armar um ou dois mastros. Em competição levam uma numerosa tripulação que fazem trapézio ou barandar para manter a canoa no mínimo inclinada possível. Usam uma lámina de madeira para orçar, a bolina ou espadela é amarrada por um laço ao pé do mastro principal.

Canoa de vela de espicha
Trabalham na pesca costeira e no Recôncavo baiano no transporte de pessoas e mercadorias. São utilizadas também em competições entre canoas não é raro regatas com mais de 30 canoas. Algumas delas são destinadas exclusivamente para o esporte, sendo guardadas em seco sob folhas de coqueiro.

Canoa de vela de espicha fazendo tranporte


Canoa de vela de pena em Jaguaripe

terça-feira, 7 de outubro de 2008

BOTE DO CEARÁ E A BATEIRA



Bote avistado em Luiz Correia PI


BOTE DO CEARÁ ou Bastardo geralmente mede 12 metros de comprimento. Veleja engajado na pesca de fundo na costa do oeste do Ceará, Piauí e leste do Maranhão. Segundo levantamentos do CPENE de 2004 existem 435 destes barcos. Acredito que pelo motivo da semelhança com a Bateira devemos ter um número muito menor do que o estimado pela CPENE. Casco do Bote
O Bote é uma embarcação de alto mar, com 6 a 9 tripulantes pesca por 10 a 15 dias a mais de 20 milhas da costa. Não se sabe qual é a origem do formato do casco, mas nota-se que é muito parecido com as formas do casco da Bateira que é uma embarcação de 6 a 8 metros que navega na costa do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.

Verga do Bote


Uma vela grande latina cruza o mastro, a verga é dividida várias partes amarradas umas as outras com fio de nylon conferindo a dureza ou flexibilidade nas partes superior ou inferior.


BATEIRA geralmente mede de 7 a 8 metros de comprimento. Engajado na pesca de alto mar e pesca costeira do Ceará e do Rio Grande do Norte. Segundo levantamentos do CEPENE existem 2.100 Bateiras das quais 1.500 navegam na costa do Rio Grande do Norte.

Os dois barcos tem em comum as formas do casco embora a Bateira tem sua concentração no Rio Grande do Norte e o Bote na costa Oeste do Ceará.

sábado, 4 de outubro de 2008

VENDAVAL II - 1947 - MARAGOJIPE


- Ano de construção 1947.
- Local de construção Ilha do Galego Maragojipe-BA.
- Construtor Carpinteiro José Simão.
- Mestre Proprietário Afrodisio Silva Reis (Mestre Nute).
- Contra Mestre Atual Toninho.

Mestre Nute no leme

- Comprimento 14,00 metros.
- Largura 3,70 metros.
- Comprimento do Mastro 20 metros em madeira Sucupira-açu.

Pé do mastro


- Material do casco taboado com madeira Oiti.
- Quilha 10,50 x 0,36 x 0,18 metros em madeira Oiti.
- Tijupá taboado em madeira Piqui.
- Cavernas em madeira Sucupira.
- Braço em madeira Sucupira.
- Convés em madeira Massaranduba.
- Leme em madeira Sucupira.
- Vela Grande de aproximadamente 98 m2 testa 14 metros x carangueija 4,70 metros x esteira 9,30 metros e Bujarrona testa 6 metros x esteira 2,5 metros x valuma 6 metros ambas de tecido de algodão marca Dona Isabel, costurado a mão com cordão encerado.

Vela grande


- Pintura do casco, convés, leme, tijupá, mastro, carangueja, cana de leme, remos, varas e pau de bujarrona pintados com tinta marca Renner modelo Triunfo a óleo.

Proa na aproximação de Itaparica